quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Facto.

Museu Alfredo Keil já deve estar a funcionar em Torres Novas no centenário da República


O presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, António Rodrigues (PS), manifestou, durante o seu discurso de tomada de posse, a intenção de ter concretizado até Outubro de 2010 o museu Alfredo Keil (autor do hino nacional). “Para o ano que vem é o centésimo aniversário da implementação da República. Temos um protocolo para fazer em Torres Novas o museu nacional Alfredo Keil. É um objectivo muito importante que temos. Seria algo desagradável comemorar-se o centenário da República e o museu não estar a funcionar e ao dispor de toda a gente. Não só dos torrejanos como da região e do país”, afirmou o autarca

Recorde-se que Torres Novas foi a única câmara que se mostrou interessada, durante vários anos, em receber o espólio de Alfredo Keil, de forma a criar um museu. A intenção partiu da própria autarquia, segundo revelou o bisneto do autor do hino nacional numa cerimónia realizada em Junho de 2007 em Torres Novas e que O MIRANTE acompanhou.

Francisco Keil do Amaral confessou na altura que a família levou a proposta a diversas autarquias, que à partida teriam maior ligação ao músico, mas nenhuma se mostrou interessada. A excepção passou pela autarquia torrejana que assinou nessa altura o contrato de comodato que estabelece os termos em que o espólio vai ser cedido ao município pela família.

A atenção de Torres Novas pelo projecto da família Keil surgiu por acaso, através de uma conversa com o vereador Pedro Lobo Antunes. Vários anos antes, o mesmo projecto tinha sido apresentado à Câmara de Lisboa, cidade onde Alfredo Keil nasceu. O interesse manteve-se durante quinze anos, mas acabou por morrer.

Seguiu-se Sintra. Durante vinte e um anos a família insistiu para que ali fosse exposto ao público o espólio multifacetado do autor português. Alfredo Keil manteve-se durante vários anos em Sintra, onde possuía uma casa de praia e onde, segundo o bisneto, pintou diversas telas. Mas a tentativa saiu gorada.

De seguida, surgiu a possibilidade de negociar com as autarquias de Ferreira do Zêzere e de Tomar, onde Alfredo Keil se costumava hospedar numa estalagem a pretexto da caça. Aquela zona foi também escolhida para realizar algumas pinturas, e foi em Tomar que se inspirou para a ópera sobre a lenda de Santa Iria e onde orquestrou “A Portuguesa”, escolhida para ser o hino da República. Mas também ali a família Keil encontrou as portas fechadas.

O Museu Alfredo Keil deve ser criado no antigo edifício do Paço. O projecto estava orçado em um milhão de euros que a autarquia pretendia candidatar a fundos do QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional. Vai acolher diversas obras a óleo, além dos cadernos de esboços e estudos, colecções, objectos pessoais, entre outros documentos que integram os pertences deixados pelo músico. Deve partilhar as instalações com a Banda Operária Torrejana, e irá funcionar em ligação com o Teatro Virgínia e com o futuro Mercado das Ideias (antigo Mercado do Peixe), espaço destinado a artistas e investigadores.

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