sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Imagens que tocam, imagens que ficam.

Terça-feira, 29 de Novembro de 05, ainda não saiu a última edição do DZ com a minha reflexão, mas, por manifesto desejo, já estou a escrever uma outra.
Os jornais escrevem hoje que “O padre Luís António e dezenas de paroquianos de Ranhados, concelho de Mêda (Guarda), estão desde a tarde de domingo fechados na igreja, porque recusam que o pároco seja substituído por outro. O padre também pede ao bispo de Lamego que o deixe ali permanecer.”
Tal não é a minha estupefacção quando, ao ver o telejornal, me deparo com uma imensidão de gente a chorar compulsivamente, a abraçar o referido padre, a dizer que o queriam e que inclusivamente não deixariam que um outro qualquer lhes celebrasse as missas. Não sei se o caro leitor se está a recordar, eu fiquei com as imagens retidas até hoje, e sei que por mais palavras que escreva, não as vou conseguir expressar.
Há já algum tempo que não via tanto sentimento envolto em torno de um só homem, homem esse que desempenha um papel, desculpem se estou a errar, difícil.
Comove-me haver alguém ainda, que consiga pôr uma paróquia a agir desta feição. É de louvar, é sinal que o padre Luís é um grande homem, um grande “profissional”. De outra forma nunca conseguiria criar uma tão grande empatia em torno de todos. Convenço-me que este senhor desempenhava um grande papel em torno das pessoas, ajudando-as, dando-lhes o ombro, ouvindo-as, partilhando dos seus problemas.
Sou crente em Deus, embora não seja praticante de nenhuma religião, às vezes até sou crítico em relação a ela, mas revejo-me nestas imagens. Isto sim, é o papel que um padre deve ter na sociedade. Sociedade esta, que está depressiva, que precisa de apoio, que precisa de fé, de algo que lhe dê esperança.
Peço que me elucidem e me digam quais são as verdadeiras razões de mudar um padre como este para uma outra paróquia. Por mais que pense nelas, não encontra uma suficientemente forte para contrariar este povo.
Imagens como esta ficam para a História, pelo menos para a minha.
Caro pároco Luís António, não o conheço, e muito provavelmente o senhor não irá ter conhecimento deste simplório texto, mas aqui fica a minha vénia. O povo precisa de si, o povo precisa de pessoas como você. Parabéns, continue.
Reflexão publicada no DZ desta Quinzena

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