quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Máquina laranja ferreirense.

Assistimos, dia após dia, a uma morte lenta, mas esperada e necessária de uma máquina laranja ferreirense.
Uma simples e artesanal máquina que sempre trabalhou ao “relentim”, ao favor do vento e petróleo.
Uma máquina que hoje não é moderna, que não se conseguiu renovar, que não se conseguiu desenvolver e que não teve em conta que o combustível ia aumentar e não é já apropriado para uma máquina que está enferrujada e babada de óleo queimado.
Uma máquina que não pode acelerar, sob pena de quebrar, de colar, de berrar.
Pobre máquina esta, que dia após dia, e conhecedora das suas limitações, recorre a upgrades incoerentes, impossíveis e sem aparentes benefícios.
Conhece o seu fraco valor, conhece as suas limitações e erros de manutenção que foram feitos ao longo dos anos. Resta-lhe um destino já traçado, a sucata, locar ermo e duro.
Sem soluções à vista, busca peças do estrangeiro ou mesmo peças não adequadas e com “ses”, pensando que aumenta a capacidade de produção e assim a sua importância momentânea.
Pobre máquina, angustiada, atormentada, amedrontada. Quão difícil será ser-se conhecedor de uma morte anunciada.
Triste máquina, que mesmo assim quer fazer concorrência à dos tempos modernos, exercendo pressões aqui e acolá, da maneira que pode e lhe é habitual. Assim mostra o quão ridículo é fazê-lo e demonstra todo o seu receio, desgaste e total desespero.
Pobre máquina alaranjada…

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