domingo, 16 de outubro de 2005

Bem comum.

"Há um limite a partir do qual a força visual do olho humano deixa de ser capaz de identificar o mau instinto tornado demasiado subtil para os seus fracos recursos; é aí que o homem faz começar o reino do bem; e a sensação de ter penetrado nesse reino desperta sincronicamente nele todos os instintos, os sentimentos de segurança, de bem-estar, e de benevolência, que o mal limitava e ameaçava. Por consequência: quanto mais o olhar é fraco, maior é o domínio do bem! Daí a eterna alegria do povo e das crianças! Daí o abatimento dos grandes pensadores, e o humor negro que é o seu, humor parente da má consciência."
Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'
Diz-me bastante esta reflexão, indentifico-a com as gentes de Ferreira do Zêzere, e tenho pena de fazer comparações destas. Sinto-me, também eu, no dever de tentar fortalecer o olhar destas pessoas. Aumentar o "limite a partir da qual a força visual do olho humano deixa de ser capaz de identificar o mau instinto". Quero ter a minha quota parte de responsabilidade.
É isso que me dá força, vontade e dinâmica para dar o melhor de mim. Vão ser assim os próximos anos, pois a minha luta deixou de ser uma luta partidária simplória. O trabalho que pretendo desenvolver está acima disso tudo. Há medida que o tempo passa entendo que o único objectivo pelo qual luto, é sim, mudar Ferreira para melhor, é dar às gentes de Ferreira uma terra digna, capaz, que seja aproveitada e onde se pratique o bem, mesmo que para isso abdique em parte da minha vida pessoal. O karma assim o manda.
Ferreira está condenada ao fracasso com estas gentes, gentes que controlam tudo, gentes que fazem aquilo que eu pensei ser impensável fazerem.
Quem manda não pretende o bem para Ferreira, mas sim o bem para si, estão-se borrifando para isto. Não se esforçam sequer. E isso dói, dói saber o que se passa e saber que as outras pessoas não o sabem ou não o conseguem saber.
Para estas gentes não há ideais, não existe o bem comum, não existe dignidade, não existe preocupação.
Para estas gentes, primeiro estão eles e nunca as pessoas para o qual trabalham.
Filosofia de vida da treta, devem ser pessoas tristes, pois. Desculpem o que vou escrever, mas em questão de filosofia de vida, dava-lhes uma lições. Ainda não perdi a esperança. É que eu sinto-me bem e tranquilo, eles talvez não.

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